sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

passagem do ano

O que é que o Hemingway tem a ver com a minha passagem de ano se eu nem o leio?
Directamente nada. Passei-a com uma das minhas cadelas ao colo a escrever contra touradas e lembrei-me que ele escrevia rodeado de gatos, e pró-touradas.
Não podia viver sem gatos nem sem sangue na arena. Que coerente Hemingway, que coerente...

sugestão para hoje

Não há dinheiro para gastar hoje. Claro que não, a distribuição da riqueza é tão brilhante que hoje vai haver quem vai gastar o dinheiro que devia ser teu, da tua amiga, da tua vizinha e da tua rua toda, num só jantar.
Não te apetece sair para festejar? Fogos de artificio, ainda que agradáveis à vista, desagradáveis sonoramente, as bandas do costume, o caos nos centros da cidade, bla bla bla.
Até te apetecia sair mas tens mais que fazer amanhã do que passar o dia de ressaca.
Ou ainda, decidiste que o ultimo dia do ano era um bom dia para ganhar juizo e ficar a fazer um trabalho académico (eu a falar para o espelho).

A quem vai ficar por casa, esqueça ídolos, casa dos desejos, dos segredos ou lá como se chama ou outro programa maquiavelicamente programado para ter final no ultimo dia do ano e por as pessoas agarradas à vida dos outros.
O mestre vai entrar em vossa casa! Não, não é esse mestre, é o mestre com menos 50 anos, Pedro Almodovar, e traz um monte de Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos.

23:35 na 2

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Cavaco e as Mulheres




Milagres fazia eu com a ervilha cerebral de Sua Excelência, sua excelência.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A função pública vai bem (mal) de saúde


Aproveitei a estadia por terras insulares para recolher documentos que irei precisar em breve para um trabalho académico. Documentos estes que não consigo em mais lado nenhum visto serem:
1. Carta de Foral que elevou a minha terra a vila
2. primeiras actas de vereação municipal

Como conheço uma das pessoas responsáveis pelo arquivo municipal, logo cedo liguei-lhe a perguntar se era possível fotocopiar a documentação. Com a maior das sinceridades respondeu-me que não tinha a certeza se as relíquias estariam no arquivo, visto não haver uma base de dados (ah, assim facilita muito mais) mas que contactasse com um dos historiadores - a quem vou chamar T - que também conheço, pois tudo o que lá havia teria passado pelos suas mãos. E assim fiz, fui falar pessoalmente com T que infelizmente informou-me que a carta de Foral da minha terra está em paradeiro incerto há uns séculos mas que houve quem tenha feito uma tentativa de reconstituição com base em bla bla bla não me cheirando a coisa fiável, desisti logo dessa parte. No entanto, cedeu-me a cota de um livros que se encontrariam na biblioteca municipal onde constavam as actas transcritas, ou seja, "traduzidas" para português que consiga ler.
Chegada à Biblioteca, antes de explicar exactamente o que queria já estava eu no meio do arquivo entre todas aquelas actas originais para mim, que passo ao lado da paleologia, ilegíveis.
Fui então à parte dos livros, à biblioteca, portanto e dirigi-me à responsável, a quem vou chamar F, e expliquei-lhe o que queria e a conversa foi assim:
F - Não sei se temos isso
Eu - Mas falei com T e disse que sim. Tenho aqui a cota.
F - Se o T diz que há então ele que venha cá ver!
(silêncio)
Eu - Mas não pode ver na base de dados?
F - Não sei se funciona
Eu - (wtf?!) Não pode experimentar
F - Vou abrir o programa
Eu - (cristo!)
F - Pois, diz que há.
Eu - Então queria levar, pf
F - Vou ver onde está
(entre os corredores)
Eu - Mas não sabe em que secção se encontra esta cota?
F - Não sei, está tudo misturado. Cá pra mim levaram e não trouxeram.
Eu - Mas não há controlo nas entradas e saídas?
F - (olhar de "que queres dizer com controlo?")

Depois de uma intensa procura, desisti e lá fui eu para casa sem nada.
Aproveitei que estava perto da CM e fui buscar as papelada para votar por voto antecipado.
Entrei na CM e na recepção foi assim:

Eu - bom dia. Com quem posso falar por causa dos votos antecipados?
Recepcionista - Que votos?
Eu - (em tom desesperado) Para as Presidenciais!
Recp - Para as presidenciais? Não sei se é possível!
(silêncio e olhos revirados)
Eu - Com quem é que posso falar por causa dos votos antecipados, pf?


(a foto é resultante da procura "função pública" no google)

domingo, 26 de dezembro de 2010

anda cá 2011


Passados os dias da retrospectiva de 2010, chega a altura dos desejos para 2011.

Generalizando, espero que haja acima de tudo saúde e na falta dela acesso democrático aos seus serviços.
Mais emprego seria uma coisa também bem vinda, com melhores condições e menos explorações.
O acesso à educação para todos/as sem haver quem tenha de desistir dela por falta de meios económicos também era bonito de ver.
Diz-se que 2010 foi o ano do boom da consciência ecológica, pode-se ter sentido mas é preciso que 2011 seja ainda mais.
Seria também agradável o acesso à habitação sem dividas até ao pescoço ou sem esticar a corda até não poder mais.
Melhores condições de vida geram melhores sentimentos, mais alegria, mais sonhos, mais respeito, mais compreensão, mais compaixão, mais conforto, mais tranquilidade.

Para mim, conto com mais um ano de braços erguidos e garganta afinada.
Cumprir com as minhas obrigações profissionais, académicas e sociais.
Tornar-me Vegan de uma vez por todas.
Ter muitos eventos culturais com entrada gratuita.
Não voltar a contrariar os meus valores e ideais. Manter a liberdade, paz interior e tranquilidade que em 2010 só conheci ao fim de 11 meses.
E nunca, nunca mais voltar para o armário, que aquilo não é bom sitio para se estar.

Para o Ninho, que seja O ano a meter veneno por todo o lado.

Bom 2011, minha gente!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

It's a girl!

Ontem foi dia de viagem para os Açores. Não é bem o triângulo das Bermudas mas as viagens nesta altura do ano têm sempre o seu "Q" de cagaço. Apesar dos raios de sol em Lisboa sabíamos que nos Açores estava não muito friendly para quem viaja. Já durante o voo, houve a ameaça de termos que ir fazer tempo a Santa Maria até o tempo sossegar a passarinha em São Miguel, avisos de turbulência assim pró agressivo, aviso de apertar o cinto... o habitual. Habitual não foi quando depois dos avisos e ameaças 90% não se confirmou. Notou-se um demorado desvio da rota à procura do melhor "spot" para furar as nuvens e aterrar e lá aconteceu com alguma delicadeza, dentro do possível.
No fim, estávamos todas à espera de uma viagem bem pior até que veio a explicação... o comandante era uma, e de farda!

Deves...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

da homofobia e do sexismo

Há dias, a acompanhar uma deliciosa refeição de centro comercial, tive uma discussão com um amigo. Ele intercalava os seus argumentos com dentadas na pizza, eu tinha posto de lado a minha massa, entretanto já gelada e afogada em azeite, enquanto esbracejava. Reparei que estava a exagerar um bocadinho na parte física quando vi toda a gente a olhar para nós, como se estivéssemos a ter uma discussão conjugal. Não estávamos. Discutíamos porque ele dizia que a homofobia é muito mais violenta para com os homens. Na sua cabeça a coisa era simples: um homofóbico, se vir um homossexual, pode mais facilmente agredi-lo para descontar o seu ódio se se tratar de um homem, mas se vir uma mulher não. Era tudo a preto e branco na cabeça do meu amigo, que até sabe que as discriminações se revelam das mais variadas formas e que as discriminações para com minorias sexuais também envolvem preconceitos de género. Admitia que a maior parte da visibilidade lésbica se encontrava em filmes pornográficos para homens heterossexuais e em cenas de sexualidade gratuita de filmes para "adolescentes". Mas considerava que, não sendo a visibilidade mais positiva, ainda assim era capaz de mudar mentalidades. É que na televisão os gays eram quase sempre representados como bichas burras e as lésbicas como mulheres atraentes e sexualmente activas. E isso parecia-lhe bom, esquecendo-se que a representação lésbica não vai muito para além daí e que não é bem o estereótipo da lésbica camiona que se está ali a tentar destruir. Dizia também que a questão da ausência de agressão física era fundamental. Perguntei-lhe se alguma vez alguém o tinha ido abordar enquanto beijava uma namorada num bar. Perguntei-lhe se alguém alguma vez se ofereceu para se juntar a eles, partindo do princípio que a sexualidade que ele tinha com uma qualquer namorada não era satisfatória. Falei-lhe do falocentrismo e, para minha surpresa, pareceu estar a pensar nisso pela primeira vez. Perguntei-lhe também se não sabia que os homens tinham sido educados para não bater em mulheres. Em público, claro. Se isso não explicava a diferença de violência física. Perguntei-lhe também se tinha noção do número de lésbicas violadas. Se sabia que isso acontecia em imensos sítios, não só na África do Sul. Ele saiu da discussão a saber algo que já devia ter ouvido imensas vezes mas sobre o qual nunca tinha pensado: que a discriminação para com as mulheres não se estende só às relações sociais e ao trabalho. Eu "ganhei" a discussão mas perdi o almoço. Na altura não fiquei muito satisfeita.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

dona de casa ecológica?


Sim, é um detergente. Vou falar-vos sobre como ser uma esposa perfeita e "house keeping", li no livro aconselhado no post abaixo. Hum...certo. Ou se calhar não, até mesmo porque cada um keeps a house como bem lhe apetece e se quiserem conselhos vão lá aquelas revistas que oferecem t-shirts e carteiras.

Vou antes aconselhar a fazer escolhas responsáveis.
A Ecover é uma empresa ecológica, desde os materiais usados na construção das suas fábricas ao modo de comercialização dos seus produtos.
Em Junho decidi que estava na hora de também ser responsável na escolha de produtos de limpeza e comprei este detergente por 4 euros e uns cêntimos. Caro. O Fairy compensaria mais. Compensaria.... se tivesse durado até hoje. Primeiro argumento, o preço, por água abaixo. Se um lava os pratos da feijoada da ponte Vasco da Gama, o outro há de lavar os copos de Moët et Chandon do Canal da Mancha.
Esta marca ainda tem uma particularidade que os detergentes de 0.80 cents do lidl ou o tão adorado Fairy não têm, um rótulo com "não testado em animais", nada a esconder.
Têm o conselho e informação, agora usem como manda a vossa consciência.
Posto isto, hei-de pedir uma comissãozita pela publicidade gratuita.

Sugestão de Natal para machos a sério com esposinhas perfeitas.

Hoje, na livraria, um cliente pediu-me isto "para oferecer à esposa". Informei-o que se encontrava esgotado e não tive coragem de perguntar se era a sério.
A verdade é que, conhecendo eu tão bem o livro em questão (pois a minha mãe tinha um em casa) não posso evitar deixar algumas passagens desta pérola que me deu já tantas tardes tão agradáveis de leitura e riso histérico. Desfrutem e atentem ao penúltimo parágrafo, que não sendo do mais hilariante que lá vem escrito, é muito, muito bom.





domingo, 19 de dezembro de 2010

O que Elas querem no Natal

Hoje, no telejornal, a RTP teve o cuidado e atenção em dizer ao país o que querem as mulheres pelo Natal. O claro objectivo da peça passava por garantir que nenhum homem ficasse desprovido de ideias nesta época tão... (des)importante do ano.
A peça começa por reforçar a ideia de que as mulheres sabem e estão seguras daquilo que querem (for god's sake! estamos a falar de mulheres!), chegando a insinuar uma certa mudança nos gostos e desejos de seres possuidores de cromossoma xx.
Há o trabalho de entrevistar alguém na rua, que comenta não querer nada pois já tem tudo, argumento refutado pela voz off que diz "mas não se deixe levar, quando a mulher diz isso está subtilmente a dizer que quer alguma coisa".
Eis que chega o tão esperado momento, saber o que na verdade as mulheres querem pelo Natal, langerie, perfumes e jóias! Admirem-se, a Marilyn anda aí.

Ainda bem que já não se oferecem electrodomésticos, utensílios de cozinha e limpeza nem livros sobre como ser uma boa mãe e esposa. Passamos da mulher com o papel de dona de casa e mãe de família para... a mulher fútil e desinteressante à espera de ser agradada pelo seu macho com um par de cuecas. Muito melhor! Upa, upa!

Quão aborrecido é o raciocínio machista e heterossexualmente formatado?



Descubra as diferenças (Com soluções)




Solução:
1.- O da esquerda está na extrema direita.
2.- O da direita é mais bonito.
3.- O da direita é um gollum de nome Smigöl e é uma personagem ficcional criada por J.R.R Tolkien. O da esquerda é um cretino de um Skinhead e, infelizmente, é real.
4.- O Smigöl é emocionalmente deficiente mas ainda assim revelou traços de inteligência. O Skin é simplesmente acéfalo.

Se alguém encontrar novas e interessantes diferenças faça o favor de se manifestar.

Nova Víbora



Hoje o nosso ninho recebe mais uma habitante.
A Laura passa a ser a mais nova das víboras, lá se foi o posto da é., com sangue novo e cheio de veneno para espalhar por aqui.
Sê very welcome.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Feliz consumismo... errrh...quero dizer Natal para toda a gente!



boa víbora à casa torna

Passado um ano e meio de inactividade, decidiu-se provocar uma ressurreição do Ninho de Víboras.
Depois da reestruturação e novo look, a dúvida sobre que tema abordar no primeiro post da second life não tardou. Lembrei-me então de saber que dia mundial é hoje. Todos os dias são dias mundiais de qualquer coisa, hoje também tinha de ser. Para quem não sabe, hoje é Dia Mundial dos Migrantes. Que dizer sobre os Migrantes? Muita coisa mas quando penso em migrantes, penso em China. Não é um pensamento agradável, a China, mas duvido que haja país com maior taxa de migração que aquele. Posto isto, recomendo este excelente documentário sobre o assunto: Last Train Home



(entretanto, a rainha do sarcasmo já mexe, no post anterior)

Sugestões para esta quadra tão linda.

Mensagem optimista do dia: Se agora é mau, nos anos 50 era ainda pior.